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O bom chefe. Mas será que ele existe?

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Seguramente, a maioria dos leitores deste artigo tem, já teve ou vai ter – em sua vida profissional – um chefe algum dia. Os raros “felizardos” que não se enquadram nessa premissa, ou nasceram em berço de ouro, ou iniciaram algum negócio ou empreendimento que deu certo e não sabem o que é isso.

Quem está na caminhada profissional há vários anos já deve ter convivido com diferentes estilos de comando, e sabe que muita coisa mudou ao longo dos anos, especialmente em nosso País onde a elevada inflação presente na economia contribuiu para mascarar ou ocultar muitas gestões ruins, mas que, de uma forma ou de outra sobreviveram e ainda continuam presentes em algumas organizações. É lógico que a competição, tecnologia, internacionalização da gestão e meios de comunicação, entre outros, impuseram a necessidade das empresas de se profissionalizarem e criarem novas formas na gestão de pessoas.

Este artigo não tem a pretensão de discutir a questão de forma aprofundada, mas trazer à tona abordagens mais descontraídas e menos densas, fazendo-as, algumas vezes, de forma figurada e bem humorada para, ao final destacar as características ou o perfil necessários para um bom gestor de pessoas.

Estilos de Chefias – Uma Visão Descontraída e Bem Humorada

Possivelmente o caro leitor pode conhecê-los com outras denominações ou apelidos, mas tentarei sintetizar alguns dos estilos mais controversos e conhecidos:

• Peter Pan – como ele não cresce dentro da empresa, caracteriza-se por fazer de tudo para que seus subordinados também não cresçam. Geralmente transparece que é um bravo defensor de sua equipe, mas que no fundo está mais interessado em manter e garantir o seu status quo e do setor, impedindo o desenvolvimento de seus subordinados. É um eterno egoísta!

• Pôncio Pilatos – é aquele que sempre lava as mãos em relação aos problemas pessoais e profissionais de seus comandados. Focado em si mesmo não demonstra a menor sensibilidade ou preocupação e quase nunca tem tempo para conversar com seus subordinados.

• Barraqueiro – é o instigador que gosta de ver o “circo pegar fogo”. É um incentivador de desavenças internas entre pessoas e áreas de uma empresa, geralmente tem um perfil agressivo, mas que também adora exercer o papel do bombeiro e aparecer para a “plateia” (demais subordinados) como o herói que tudo resolveu.

• Carnavalesco – é aquele com perfil festeiro, que adora criar ou ter um fato para uma comemoração. Gosta de agitar o ambiente interno, mas com tendência para que tudo tenha um efeito rápido e passageiro. Seu objetivo pessoal é animar seus subordinados, sem uma preocupação maior em cobrar resultados. Geralmente é um ótimo contador de piadas e é o tipo de chefe que muita gente gosta.

• Rabujento – sua principal característica é o mau humor, sempre reclamando de tudo e de todos, raramente sorri, nunca as coisas estão bem, nem na empresa, nem em casa e em nenhum lugar. Só sabe comandar com a cara feia, imposição (não sabe o que significa “por favor”) e, em geral, não sabe agradecer pois, “obrigado” não faz parte de seu vocabulário. As coisas só são bem feitas quando realizadas do seu jeito e, raramente aceita sugestões!

• Em cima do muro – é o chefe inseguro e omisso que está no cargo pelas mais variadas razões, menos competência e que tem muita dificuldade para tomar decisões. Quase sempre recorre a um subordinado experiente para ajudá-lo na tomada de decisões e trata o mesmo de forma diferenciada dentro da equipe.

• Desequilibrado – é caracterizado pelo estilo de atuação onde o equilíbrio emocional nunca está presente. Tende a sofrer mudanças bruscas de comportamento, é instável, coerência e incoerência andam de mãos dadas em suas decisões, mas tende a sustentar-se no cargo por assumir posições sem aparentar receio ou medo de tomá-las.

• Introvertido – tem muita dificuldade de relacionamento e interação na comunicação com os subordinados. Não cria laços com a equipe e o distanciamento é sua marca registrada. Para ele, o dia deve começar e acabar no mesmo diapasão, sempre torcendo para que não surja nenhum problema mais sério.

• Aqui mando eu – é o chefe centralizador, que manda com base no poder que a posição lhe concede, não aceita sugestões, quer estar a par de tudo, tem dificuldade para delegar (acha que os outros nunca farão como ele faz) e, na maioria das vezes, tudo isso decorre de sua própria insegurança.

• Milkshake ou eclético – é aquele chefe que consegue combinar algum ou alguns dos estilos anteriormente mencionados, de acordo com a circunstância ou situação. Geralmente, são profissionais mais experientes que aprenderam que uma única característica predominante em seus comportamentos pode prejudicar sua carreira e conseguem desenvolver habilidades que os fazem destacar-se no meio da “multidão”. Em geral, conseguem construir carreira vitoriosa dentro das organizações.

Fiz questão de apresentar essas características de forma bem descontraída para mostrar que existem inúmeros e diferentes estilos de chefia e o ser ou não ser um bom gestor de pessoas será sempre consequência das atitudes perante os subordinados, respeitando-se, porém, a cultura de cada organização. Apenas como exemplos, um chefe do estilo carnavalesco talvez se adapte melhor a uma empresa de comunicação, propaganda e publicidade, porém certamente não será bem sucedido numa organização onde a formalidade está sempre presente e; de outro lado, é inimaginável um chefe introvertido dentro de uma operação de telemarketing, mas talvez seja bem aceito dentro uma área jurídica ou contábil.

Desafio

Gerir pessoas é um desafio que todo profissional que anseia subir na carreira precisa enfrentar e por isso minha recomendação é que você faça sua própria auto avaliação ou recorra a um profissional mais experiente para ajudá-lo a entender suas principais características e onde será preciso investir para tornar-se um gestor de pessoas respeitado e admirado.

Estamos numa época em que os ambientes dentro das empresas têm que conviver com profissionais de diferentes gerações e que apresentam enormes diferenças pessoais e comportamentais. Enquanto as gerações mais antigas estão mais acostumadas às estruturas hierarquizadas e verticalizadas, os mais jovens são mais resistentes à elas e a individualidade, o imediatismo e a impulsividade são características presentes e que requerem atitudes e comportamentos (dos gestores) apropriados para levar avante equipes com posturas tão diferentes.

O “olhar o mundo” de formas tão diferentes geram ou podem gerar conflitos internos que irão refletir-se nos resultados das empresas. Se para alguns a remuneração tem maior peso, para outros, a liberdade, a criação, a autonomia, o respeito e o reconhecimento são mais importantes.

Características de Um Bom Gestor de Pessoas

Em minha opinião, baseada em muitos anos de carreira profissional, as principais características de um bom gestor de pessoas são:

• Ser motivado – mesmo diante das circunstâncias, desafios e barreiras mais difíceis. Ser resistente às frustrações.

• Ser um motivador – saber desenvolver as habilidades necessárias para manter uma equipe motivada na busca das metas e objetivos, de acordo com as características dos profissionais que a compõe.

• Saber ouvir e comunicar-se – já dizia o antigo ditado que “Deus nos deu duas orelhas e uma boca para ouvirmos mais e falarmos menos”. Na gestão de pessoas o saber ouvir ajudará a estruturar uma melhor comunicação com seus subordinados.

• Ser ético e respeitador – o exemplo pessoal, por meio de uma postura ética e respeitadora diante de todas as circunstâncias é o melhor caminho para a conquista do respeito e admiração da equipe.

• Saber desenvolver a empatia – significa a capacidade de compreender o sentimento e as reações das pessoas. Em outras palavras, é saber compreender emocionalmente os seus subordinados.

• Saber dar e receber feedback – é fundamental ser sereno, tranquilo e sábio ao transmitir um feedback para o subordinado, mas também é essencial saber receber, com humildade, uma opinião ou manifestação contrária.

• Ser flexível – a visão e a atitude do bom gestor de pessoas não podem ser ou estar engessadas. Por isso, a flexibilidade diante dos fatos e acontecimentos é uma virtude que precisa ser constantemente trabalhada.

• Saber delegar – talvez seja uma das principais características e isso deve sempre ser feito com uma boa orientação, monitoramento e cobrança.

• Ser um inovador – representa um grande desafio para a maioria dos gestores, uma vez que as atividades tendem a ser rotineiras e repetitivas.

Para finalizar, tenha em mente que você deve ser um vencedor e um exemplo. Lembre-se de que, como gestor de pessoas, você pode estar sendo a referência e o exemplo para muitos jovens que se espelharão no seu comportamento e nas suas atitudes. Por isso, crie um contexto onde possa ser percebido como um profissional vitorioso e um grande exemplo para todos.

Bom trabalho e até breve!

Autor: Carlos Alberto Zaffani
Consultor de Empresas, Administrador e Contador – Diretor da Zaffani Assessoria Empresarial

Fonte: CENOFISCO

Site: Contabilidade São Paulo